2007-11-30

Tango


Movimento-me com a brusquidão de um touro ferido
Mas com a leveza de uma graça em perigo

Sei que o meu corpo é o que de mim te interessa
Embora tentes convencer-me do contrário sem que eu to peça

Sei, também, que aprecias a forma como me movo
Faço-o por mim
Não por ti
Mas sinto que, neste momento, mal te comovo

Rodopio no salão
Dominando a assistência
Sorris com orgulhosa displicência
E aplaudes a exibição

Não me rio, nem me zango
E para ti: este último tango...

2007-11-29

City of Angels

Inesquecível!
Porque nem sempre a vida se apresenta justa...

2007-11-28

As palavras


As palavras ecoam na minha cabeça
sem que eu as ouça
E amontoam-se desesperadamente
Enquanto a minha voz se emudece

O meu corpo morre
A minha tez empalidece
E, eu, louca de amor
Num sentimento doente
que em mim habita e padece
Deixo-me levar ao sabor dos ventos
sem amor, sem demais sentimentos

E num comportamento absorto
possuem o meu corpo já morto
Mas, antes, que a vida se desvaneça
Oiço as palavras da minha cabeça

2007-11-22

I don't want to miss a thing



Sempre actual. Sempre a minha favorita.

Aerosmith

You're gone






Fingertips

2007-11-21

Reflexão


Depois de algum tempo, aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que «amar» não significa apoiar-se e que «companhia» nem sempre significa segurança. Começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começas a aceitar as tuas derrotas de cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de uma criança e não com a tristeza de um adulto. E aprendes a construir as tuas estradas no hoje, porque o amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de se partir ao meio em vão. Depois de algum tempo, aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam. E aceitas que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te de vez em quando e deves perdoá-la por isso. Aprendes que falar, pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida. Descobres que os amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos de mudar os amigos, se compreendermos que os amigos mudam. E descobres que o teu amigo e tu podem fazer qualquer coisa ou nada para terem bons momentos juntos. E descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que as circunstâncias e o ambiente têm muita influência sobre nós, mas que não deixamos de ser responsáveis por nós próprios. Aprendes que paciência requer muita prática. Aprendes que quando estás com raiva, tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém; algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás, em algum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes. E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores. E percebes que... ,realmente, podes suportar... que, realmente, és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensares que não podes mais! E que, realmente, a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!"


William Shakespeare

2007-11-20

Eu sei

Papas da Lingua



“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”



Fernando Pessoa

Memórias

Tantas manhãs que acordei cansada
Dos sonhos que me despertavam a cada instante
Sonhos bons, sonhos maus
Sonhos sempre constantes

Como era bom poder dormir toda uma noite
Sem acordar
Sem sonhos
Poder repousar

Agora, o tempo passou
As rugas engelham o meu rosto
Mas não me importo
Pois cada uma revela uma estória da minha vida
Pena tenho que a memória me atraiçoe para as poder contar

Mas mais que a pena de não me lembrar
Tenho a tristeza de já não ter com que sonhar...

2007-11-19

Contos de Natal

Está frio
As prendas estão no pinheiro
O presépio está montado
E o Canário no poleiro
Permanece sempre calado

Comemos um belo jantar
Sem fugir da tradição
Levantamos um brinde
Em prol da união

Cada qual abre os presentes
Beijamo-nos, estamos contentes

Ninguém fala do espirito de Natal
Mas sim de qualquer outro assunto banal

Saio para a rua, encontro um mendigo
Brindo com ele, sei que não corro perigo
Com um vinho bem rasca
Aqueço o coração
Na porta duma tasca
Partilhamos um pão

Agora e aqui
estou mais feliz
Neste mundo mais leal
Abraço-lhe e digo:
“Tenha um Santo Natal”
Um olhar com ternura, um sorriso sincero
Faz-me perceber que é isto que quero

Em casa, junto ao pinheiro
O Canário
Canta o dia inteiro.

Fugas


Chegaste.

Sei que todo este tempo esperei que isso acontecesse, sem saber que era por ti que ansiava a chegada.

Desviei o olhar. Escondi-me no meio dos estranhos para que não te lembrasses do meu.

Perdida entre a música que soava descompassada e camuflada entre todas as outras pessoas que se mexiam freneticamente, observei-te inebriada pela quimica que transmites.

O medo do passado impera no meu presente em que clandestino a minha existência na esperança de sobreviver a cada dia sem o peso insuportável da barreira de sentimentos.

Quem sabe um dia nos poderemos encontrar... sem os embustes da minha actual personalidade.
Por isso partiste tal como chegaste, sem que soubesses que eu ali estava, quase à espera da tua chegada.

Texto Publicado na Lux Woman

2007-11-13

Morre-se de medo

Morre-se de tédio

Mas do que se morre mais

É da falta de amor

Mal sem remédio que nos faz desiguais

Já morremos mil vezes

Já morremos de mil mortes

Porém todas naturais

Mas sempre renascemos para amar um pouco mais

Até que um dia a solidão

Daninha-mãe das decisões finais

Nos proíba o coração de bater mais.


Torquato da Luz

Mentira


As pessoas afivelam uma máscara, e ao cabo de alguns anos acreditam piamente que é ela o seu verdadeiro rosto.

E quando a gente lha arranca, ficam em carne viva, doridas e desesperadas, incapazes de compreender que o gesto violento foi a melhor prova de respeito que poderiamos dar.


Miguel Torga