2009-08-23

À minha mãe

Sabes o quanto te amo, pois se muitas vezes sou brusca na forma de criticar, sei que, também, com a mesma facilidade expresso os meus sentimentos, e portanto já o disse infindáveis vezes...e nunca são demais.
Este foi o primeiro momento que senti que te perder era uma possibilidade...e doeu muito. O chão fugiu, o coração ficou apertado, mas soube que uma mulher de garra, que toda a vida lutou contra as adversidades não iria baixar os braços sem tentar. Não me enganei, e ainda sem a certeza que poderei trazer te comigo para casa, sinto-me orgulhosa pela mãe que tenho (cada vez mais).
Esta é uma oportunidade que Deus nos está a dar...e sei que não a vamos desperdiçar, pois estaremos ainda mais fortes para abraçar o futuro.
E o aneursima já clipado, será algo que não iremos recordar sem amargos de boca, pois como sempre sabemos que há coisas boas para recordar...que eclipsam os momentos menos bons.
Adoro-te Mãe e fazes-me falta!

2009-07-30

Novamente, ao meu pai

Há um ano escrevi este post...

"Sabes Pai, foi há 17 anos que tudo isto aconteceu, e ainda não consegui esquecer essa data de Agosto de 1991 em que essa doença maldita te roubou de mim tal como eras. Agradeço a Deus por estares, ainda, comigo. E, desculpa, se tantas vezes tenho saudades daquilo que eramos, por que me fazes falta."

2009-01-29

A meu favor


Tenho o verde secreto dos teus olhos

Algumas palavras de ódio

algumas palavras de amor

O tapete que vai partir para o infinito



Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor

As paredes que insultam devagar

Certo refúgio acima do murmúrio

Que da vida corrente teime em vir



O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça.



Alexandre O'neil

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny

2009-01-28

No teu poema

No teu poema

Existe um verso em branco e sem medida

Um corpo que respira, um céu aberto

Janela debruçada para a vida.


No teu poema

Existe a dor calada lá no fundo

O passo da coragem em casa escura

E aberta, uma varanda para o Mundo.

Existe a noite

O riso e a voz refeita à luz do dia

A festa da Senhora da Agonia

E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio

A sina de quem nasce fraco ou forte

O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste

Que vence ou adormece antes da morte.


No teu poema

Existe o grito e o eco da metralha

A dor que sei de cor mas não recito

E os sonos inquietos de quem falha


No teu poema

Existe um cantochão alentejano

A rua e o pregão de uma varina

E um barco assoprado a todo o pano.

Existe a noite

O canto em vozes juntas, vozes certas

Canção de uma só letra e um só destino a embarcar

O cais da nova nau das descobertas.

Existe um rio

A sina de quem nasce fraco, ou forte

O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste

Que vence ou adormece antes da morte.


No teu poema

Existe a esperança acesa atrás do muro

Existe tudo mais que ainda me escapa

E um verso em branco à espera... do futuro.


José Luís Tinoco

2009-01-15


De tudo ficam três coisas:

a certeza de que estamos sempre começando...

a certeza de que é preciso continuar...

a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

PORTANTO, DEVEMOS:

fazer da interrupção um caminho novo...

da queda um passo de dança...

do medo, uma escada...

do sonho, uma ponte...

da procura... um encontro.


Fernando Sabino